Com um acervo composto por cerca
de cinco mil itens, o Museu da Companhia Paulista de Estradas de Ferro retrata
aos seus visitantes a história da ferrovia no Estado de São Paulo e a
importância e o protagonismo de Jundiaí como porta de entrada da ferrovia para
o todo o interior.
Por meio de itens que integravam
o mobiliário, ferramentaria, maquetes, imagens, mapas, livros e fotos da
extinta Companhia Paulista de Estradas de Ferro, o museu tem suas origens no
final da década de 1970, com a fundação, no local, do Museu Ferroviário Barão de
Mauá, em 09 de março de 1979, em homenagem a Irineu Evangelista de Souza, o
Barão de Mauá, pioneiro do transporte ferroviário no país. Uma reforma e
revitalização deram ao espaço, em 1995, as bases museológicas e o nome que o
museu leva até os dias de hoje.
O museu presta também uma homenagem
aos trabalhadores que auxiliaram na construção da rede ferroviária paulista,
dando nomes a alguns deles, como o conselheiro Joaquim Saldanha Marinho,
fundador da Companhia; Adolpho Augusto Pinto, primeiro Chefe do Escritório
Central; Jayme Pinheiro de Ulhôa Cintra, um de seus presidentes e que dá nome
ao estádio do Paulista Futebol Clube; o engenheiro Francisco Paes Leme de
Monlevade, responsável pela eletrificação das linhas e pela criação de sistema
de sociedade assistencial e cooperativa que serviu de modelo para a criação da previdência
social do país; o conselheiro Antônio da Silva Prado, também responsável pela
eletrificação, além dos presidentes, contemplados em galeria e dos chefes da
estação, responsáveis pelo tráfego e pessoas, figuras de grande prestígio na
sociedade da época.
O museu conta ainda com ambientes
que simulam aqueles de época, como a Sala das Senhoras, réplica da sala de
espera reservada às mulheres, o interior dos caros de passageiros, a sala de
comunicação e a sala da diretoria.
UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A
FERROVIA E O MUNICÍPIO
A ideia de se construir uma estrada de ferro pelo interior do Estado de São Paulo surgiu na década de 1860, quando a São Paulo Railway Company, que ligava Santos a Jundiaí, declarou-se impossibilitada de prolongar seus trilhos até Campinas. Atendendo ao progresso da lavoura cafeeira, um grupo de fazendeiros paulistas assumiu a empreitada pela construção, fundando, em 1867, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, após reunião com o presidente da então Província de São Paulo, o conselheiro Joaquim Saldanha Marinho.
A primeira assembleia geral com
os acionistas da companhia foi realizada em 30 de janeiro de 1868, no Palácio
do Governo da Província, quando foram aprovados seus estatutos e eleita a
diretoria provisória. A eleição da primeira diretoria definitiva foi realizada
no ano seguinte.
As obras de construção das linhas
foram iniciadas em 15 de março de 1870 e já em 11 de agosto de 1872 realizou-se
a viagem inaugural de Jundiaí a Campinas. As obras na linha chegaram às margens
do rio Mogi-Guaçu em 1880, a partir de quando a companhia passou a explorar
também a navegação fluvial, em extensão de 200 quilômetros entre os municípios
de Porto Ferreira e Pontal. A empresa também mudou de nome, passando a se
chamar Companhia Paulista de Vias e Fluviaes. O serviço seguiu até 1911. Com a
sua interrupção, a empresa passou a se chamar Companhia Paulista de Estradas de
Ferro.
Em 1892 a empresa adquiriu a
Estrada de Ferro Rio Claro. Já em 1910 passaram a integrar a frota os carros
restaurante e também inaugurados os de luxo, tipo “Pullman”. As
melhorias inauguraram período em que a empresa ostentava imagem de organização,
pontualidade e pioneirismo.
Pioneirismo esse que pode ser
identificado em diversos fatos ligados. À presença da Companhia Paulista e ao
pioneirismo de Jundiaí no transporte ferroviário estão vinculados fatos como: a
viagem do primeiro trem com tração elétrica na América do Sul, em 1922; a
fundação da Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Ferroviários, a primeira
providência social no País, em 1923; a criação de escola profissionalizante
para os funcionários, em 1901, que passou a ser denominada Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI) em 1936.
Iniciativas pioneiras vinculadas
à Companhia também podem ser identificadas em inovações para Jundiaí. Merecem
destaque a criação do primeiro Horto Florestal no município, em 1903, tendo
como primeiro responsável o engenheiro agrônomo Edmundo Navarro de Andrade, que
viabilizou a importação de eucaliptos australianos para reflorestamento no
Brasil; a construção do primeiro núcleo de casas populares do município, em
área próxima ao cemitério municipal Nossa Senhora do Desterro; a integração de
membros da Companhia à primeira direção do Gabinete de Leitura Ruy Barbosa; a
fundação do Paulista Futebol Clube, como time fundado pelos funcionários para
disputar campeonatos amadores; e a criação do Grêmio Recreativo, atualmente
conhecido como Grêmio CP.
A década de 1910 ficou também
marcada pela substituição da tração a vapor pela elétrica nos trens da Companhia.
A dificuldade na obtenção de combustível a preço conveniente fez com que a
presidência da empresa, à época encabeçada pelo Conselheiro Antônio da Silva
Prado, ordenasse que a equipe de engenheiros iniciasse, em 1916, pesquisa
interna para substituição da matriz energética.
Adaptando as experiências já em
andamento nos Estados Unidos e na Europa à realidade local e aos estudos de
corrente elétrica e voltagem mais convenientes para o país, a equipe técnica
pôde finalmente, em dezembro de 1919, apresentar à presidência o modelo
posteriormente implantado e que tanto beneficiou e dinamizou o serviço
oferecido pela companhia.
Após o auge de suas operações na
década de 1940, a ferrovia viu após a Segunda Guerra Mundial, o início de seu
declínio enquanto modelo de transporte no país, resultado da queda da produção
cafeeira no Estado de São Paulo e da priorização pelo modelo rodoviário. O estado
foi aos poucos se tornando o maior acionista da então criada, em 1971, Fepasa (Ferrovia
Paulista S.A.), que incorporou a Companhia Paulista Estradas de Ferro e da qual
faziam também parte a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e as Estradas de
Ferro Sorocabana, São Paulo – Minas e Araraquara.
Após decretada a falência da
empresa, a mesma foi inserida, em 1992, pelo programa de desestatização da
malha ferroviária, até ser privatizada através da Rede Ferroviária Federal S/A
(RFFSA).
O COMPLEXO FEPASA
Com área total de 111 mil metros
quadrados, sendo 45 mil deles de área construída, o Complexo Fepasa teve sua
construção iniciada na década de 1890, pela Companhia Paulista de Estradas de
Ferro, a fim de abrigar as oficinas de locomotivas à vapor da empresa. A
princípio, as oficinas da empresa localizavam-se em Campinas, mas devido ao
tamanho limitado do terreno e a um surto de febre amarela que atingiu aquele Município,
a empresa decidiu transferir suas oficinas para Jundiaí.
Ao longo dos anos, o prédio, com
34 edificações, passou por diversas transformações e intervenções, devido às
modificações desenvolvidas pela Companhia e aos avanços tecnológicos do setor,
como a implantação da tração elétrica aos veículos. Na década de 1970, com a
incorporação da Companhia à Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), empresa estatal
paulista de transporte ferroviário de cargas e de passageiros, o Complexo
sofreu as suas últimas intervenções significativas, que deram às suas
instalações a configuração com que o conhecemos na atualidade, além da mudança
de seu nome.
Com a falência da Fepasa, sua
inserção no programa de desestatizações do início da década de 1990 e a
posterior privatização da malha ferroviária, as antigas oficinas da Companhia
Paulista foram adquiridas pela Prefeitura de Jundiaí em 2001. Diversos
equipamentos públicos municipais e estaduais estão instalados no local.
O Complexo Fepasa é o único
patrimônio material do município com tombamento em nível nacional, registrado
no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Museu da Companhia Paulista de
Estradas de Ferro
Avenida União dos Ferroviários,
1760
CEP 13201-160 – Jundiaí/SP
Telefone: (11) 4589-6815
e-mail: museuciapaulista@jundiai.sp.gov.br
turismo.jundiai.sp.gov.br/atrativos/museus/museu-ferroviario-companhia-paulista