segunda-feira, 25 de julho de 2022

MUSEU DA COMPANHIA PAULISTA DE ESTRADAS DE FERRO

 

Com um acervo composto por cerca de cinco mil itens, o Museu da Companhia Paulista de Estradas de Ferro retrata aos seus visitantes a história da ferrovia no Estado de São Paulo e a importância e o protagonismo de Jundiaí como porta de entrada da ferrovia para o todo o interior.

Por meio de itens que integravam o mobiliário, ferramentaria, maquetes, imagens, mapas, livros e fotos da extinta Companhia Paulista de Estradas de Ferro, o museu tem suas origens no final da década de 1970, com a fundação, no local, do Museu Ferroviário Barão de Mauá, em 09 de março de 1979, em homenagem a Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, pioneiro do transporte ferroviário no país. Uma reforma e revitalização deram ao espaço, em 1995, as bases museológicas e o nome que o museu leva até os dias de hoje.

Compõem a exposição permanente do museu os seguintes exemplares: réplicas funcionais de locomotivas, bandeiras, uniformes e adereços, fotos de colaboradores e de locomotivas, extintores de incêndio com tração animal, faróis e lampiões, telefones, telégrafos, relógios, medidores de energia, maquetes, catálogos, prataria dos carros restaurantes, lustres e espelhos de cristal, máquinas de prensa, máquinas de soma e de escrever, bomba d’água a vapor, balanças, bancos e poltronas de carros de passageiros, carros de bagagem, moldes em madeira para peças, bandeiras e lampiões de sinalização, apitos, buzinas, campainhas, sinos, sinetas, trolley de linha para inspeção das vias, lustres, mobiliário da diretoria, livro de acionista e quadros.

O museu presta também uma homenagem aos trabalhadores que auxiliaram na construção da rede ferroviária paulista, dando nomes a alguns deles, como o conselheiro Joaquim Saldanha Marinho, fundador da Companhia; Adolpho Augusto Pinto, primeiro Chefe do Escritório Central; Jayme Pinheiro de Ulhôa Cintra, um de seus presidentes e que dá nome ao estádio do Paulista Futebol Clube; o engenheiro Francisco Paes Leme de Monlevade, responsável pela eletrificação das linhas e pela criação de sistema de sociedade assistencial e cooperativa que serviu de modelo para a criação da previdência social do país; o conselheiro Antônio da Silva Prado, também responsável pela eletrificação, além dos presidentes, contemplados em galeria e dos chefes da estação, responsáveis pelo tráfego e pessoas, figuras de grande prestígio na sociedade da época.

O museu conta ainda com ambientes que simulam aqueles de época, como a Sala das Senhoras, réplica da sala de espera reservada às mulheres, o interior dos caros de passageiros, a sala de comunicação e a sala da diretoria.

 

UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A FERROVIA E O MUNICÍPIO

A ideia de se construir uma estrada de ferro pelo interior do Estado de São Paulo surgiu na década de 1860, quando a São Paulo Railway Company, que ligava Santos a Jundiaí, declarou-se impossibilitada de prolongar seus trilhos até Campinas. Atendendo ao progresso da lavoura cafeeira, um grupo de fazendeiros paulistas assumiu a empreitada pela construção, fundando, em 1867, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, após reunião com o presidente da então Província de São Paulo, o conselheiro Joaquim Saldanha Marinho. 

A primeira assembleia geral com os acionistas da companhia foi realizada em 30 de janeiro de 1868, no Palácio do Governo da Província, quando foram aprovados seus estatutos e eleita a diretoria provisória. A eleição da primeira diretoria definitiva foi realizada no ano seguinte.

As obras de construção das linhas foram iniciadas em 15 de março de 1870 e já em 11 de agosto de 1872 realizou-se a viagem inaugural de Jundiaí a Campinas. As obras na linha chegaram às margens do rio Mogi-Guaçu em 1880, a partir de quando a companhia passou a explorar também a navegação fluvial, em extensão de 200 quilômetros entre os municípios de Porto Ferreira e Pontal. A empresa também mudou de nome, passando a se chamar Companhia Paulista de Vias e Fluviaes. O serviço seguiu até 1911. Com a sua interrupção, a empresa passou a se chamar Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

Em 1892 a empresa adquiriu a Estrada de Ferro Rio Claro. Já em 1910 passaram a integrar a frota os carros restaurante e também inaugurados os de luxo, tipo “Pullman”. As melhorias inauguraram período em que a empresa ostentava imagem de organização, pontualidade e pioneirismo.

Pioneirismo esse que pode ser identificado em diversos fatos ligados. À presença da Companhia Paulista e ao pioneirismo de Jundiaí no transporte ferroviário estão vinculados fatos como: a viagem do primeiro trem com tração elétrica na América do Sul, em 1922; a fundação da Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Ferroviários, a primeira providência social no País, em 1923; a criação de escola profissionalizante para os funcionários, em 1901, que passou a ser denominada Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) em 1936.

Iniciativas pioneiras vinculadas à Companhia também podem ser identificadas em inovações para Jundiaí. Merecem destaque a criação do primeiro Horto Florestal no município, em 1903, tendo como primeiro responsável o engenheiro agrônomo Edmundo Navarro de Andrade, que viabilizou a importação de eucaliptos australianos para reflorestamento no Brasil; a construção do primeiro núcleo de casas populares do município, em área próxima ao cemitério municipal Nossa Senhora do Desterro; a integração de membros da Companhia à primeira direção do Gabinete de Leitura Ruy Barbosa; a fundação do Paulista Futebol Clube, como time fundado pelos funcionários para disputar campeonatos amadores; e a criação do Grêmio Recreativo, atualmente conhecido como Grêmio CP.

A década de 1910 ficou também marcada pela substituição da tração a vapor pela elétrica nos trens da Companhia. A dificuldade na obtenção de combustível a preço conveniente fez com que a presidência da empresa, à época encabeçada pelo Conselheiro Antônio da Silva Prado, ordenasse que a equipe de engenheiros iniciasse, em 1916, pesquisa interna para substituição da matriz energética.

Adaptando as experiências já em andamento nos Estados Unidos e na Europa à realidade local e aos estudos de corrente elétrica e voltagem mais convenientes para o país, a equipe técnica pôde finalmente, em dezembro de 1919, apresentar à presidência o modelo posteriormente implantado e que tanto beneficiou e dinamizou o serviço oferecido pela companhia.

Após o auge de suas operações na década de 1940, a ferrovia viu após a Segunda Guerra Mundial, o início de seu declínio enquanto modelo de transporte no país, resultado da queda da produção cafeeira no Estado de São Paulo e da priorização pelo modelo rodoviário. O estado foi aos poucos se tornando o maior acionista da então criada, em 1971, Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), que incorporou a Companhia Paulista Estradas de Ferro e da qual faziam também parte a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e as Estradas de Ferro Sorocabana, São Paulo – Minas e Araraquara.

Após decretada a falência da empresa, a mesma foi inserida, em 1992, pelo programa de desestatização da malha ferroviária, até ser privatizada através da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA).

 

O COMPLEXO FEPASA

Com área total de 111 mil metros quadrados, sendo 45 mil deles de área construída, o Complexo Fepasa teve sua construção iniciada na década de 1890, pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, a fim de abrigar as oficinas de locomotivas à vapor da empresa. A princípio, as oficinas da empresa localizavam-se em Campinas, mas devido ao tamanho limitado do terreno e a um surto de febre amarela que atingiu aquele Município, a empresa decidiu transferir suas oficinas para Jundiaí.

Ao longo dos anos, o prédio, com 34 edificações, passou por diversas transformações e intervenções, devido às modificações desenvolvidas pela Companhia e aos avanços tecnológicos do setor, como a implantação da tração elétrica aos veículos. Na década de 1970, com a incorporação da Companhia à Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), empresa estatal paulista de transporte ferroviário de cargas e de passageiros, o Complexo sofreu as suas últimas intervenções significativas, que deram às suas instalações a configuração com que o conhecemos na atualidade, além da mudança de seu nome.

Com a falência da Fepasa, sua inserção no programa de desestatizações do início da década de 1990 e a posterior privatização da malha ferroviária, as antigas oficinas da Companhia Paulista foram adquiridas pela Prefeitura de Jundiaí em 2001. Diversos equipamentos públicos municipais e estaduais estão instalados no local.

O Complexo Fepasa é o único patrimônio material do município com tombamento em nível nacional, registrado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

 

Museu da Companhia Paulista de Estradas de Ferro

Avenida União dos Ferroviários, 1760

CEP 13201-160 – Jundiaí/SP

Telefone: (11) 4589-6815

e-mail: museuciapaulista@jundiai.sp.gov.br

 



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